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As crianças precisam da nossa ajuda: Pedagogia Waldorf como caminho

Chegando a hora de começar a preparar o Portas Abertas 2025 da Colmeia Escola Waldorf, começamos a pensar como levar aos pais interessados em conhecer a nossa escola, o norte que baseamos nosso cotidiano escolar, levar a eles a luz que nos faz diariamente acreditar neste caminho que Rudolf Steiner fundamentou tão bem e nos deu ferramentas para chegar bem pertinho de cada criança.


Em agosto, deste ano, as professoras da educação infantil, iniciaram um grupo de estudos oferecido pela FEWB (Federação das Escolas Waldorf no Brasil) e coordenado pela professora de educação infantil Silvia Jensen, do livro Amor Como Fonte da Educação do autor Helmut von Kugelgen, em comemoração dos 100 anos dos Jardins de infância Waldorf e 70 anos no Brasil.  Helmut von Kügelgen, professor Waldorf que teve forte atuação no movimento de jardins de infância e na IASWECE, promoveu e apoiou a fundação de jardins Waldorf por toda a Alemanha (atualmente há 558), 16 na Américas do Norte e do Sul, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Namíbia, Egito e Rússia.


Já no verso inicial do livro citado, abriu-se uma janela de reflexão:


“Entre nós, dispersos por toda a Terra, em todas as regiões e condições climáticas, vive um povo que não consegue expressar sua mensagem. Um povo que se comunica entre si através de sua atividade, brincando, sem necessidade de tradutores - as crianças. A fé, o amor e a esperança de todos os seres humanos se conectam a elas onde quer que apareçam. As crianças não lutam por seus direitos, nem por um espaço para viver. Elas sempre aparecem de novo com uma confiança igualmente renovada, com uma imensa fonte de amor e acreditam que nós adultos somos sábios e bons e que temos o que precisamos aprender com elas – altruísmo.”

(Helmut von Kugelgen, 1979)

        

Muitas perguntas nos atravessavam: Como auxiliar a criança pequena em seu desenvolvimento salutar? Quais caminhos a Pedagogia Waldorf nos apresenta como norte neste auxilio? Enquanto educador e também mãe como me auto-educo para estar diante desta criança? Para nos auxiliar a responde-las começamos a leitura e já nos capítulos iniciais encontramos tesouros especiais para carregar e trazer até aqui em forma de palavras: As leis da infância.


“A educação infantil Waldorf está vinculada ao movimento pedagógico de Rudolf Steiner (1861-1925), que teve seu início em Stuttgart, Alemanha, no ano de 1919, com a fundação da Freie Waldorf Schule. Nesse ano, o conselheiro Emil Molt, diretor da fábrica de cigarros Waldorf-Astória, empenhado em conferir aos empregados desta empresa condições dignas de trabalho, incentivando-os como seres humanos, passou a lhes proporcionar um curso de instrução. Além disso, oferecia um periódico interno de alto nível, e cuidados voltados aos seus filhos. Após ciclos de palestra, que foi muito bem recebida pelos operários, Molt formalizou sua intenção de fundar uma escola para os filhos dos operários, desde que Steiner liderasse tal desafio – que foi aceito por ele.    O primeiro jardim Waldorf surgiu junto à primeira escola, em Stuttgart, em 1926, após a morte de Rudolf Steiner, sendo regido pela professora Elisabeth von Grunelius. Em 1919, quando da fundação da primeira escola Waldorf, Steiner perguntou aos professores sobre a possibilidade de abertura de um kindergarten. Mas, economicamente, isso não parecia viável naquele período e, também, não havia espaço disponível na casa designada para abrigar a escola.”


A Pedagogia Waldorf é uma ação educativa baseada nas observações do ser humano e sua constituição, norteados pela arte de educar. Tem como princípio considerar que os ciclos de desenvolvimento humano, se metamorfoseiam a cada sete anos, carregando ciclos de desenvolvimento evolutivo no âmbito, físico-corpóreo, emocional e cognitivo. Esses períodos são chamados de setênios e nos dão condições de mapear melhor o desenvolvimento individual de cada ser e atuar no seu processo educacional. Nosso maior objetivo enquanto educador/pais é que esta criança se torne um ser humano integral e possa constituir por si, suas buscas e lugar neste mundo.


“Quando Rudolf Steiner ainda dirigia a escola (segundo as pessoas que lá estavam) ele era - para professores, alunos e pais – a fonte de sabedoria e de calor para a prosperidade da escola. Ele se inseria no centro da comunidade escolar, assistia às aulas, dava exemplos aos professores, transmitia confiança e os aconselhava, trabalhava na estrutura interna do organismo escolar e na permeação espiritual de todo o trabalho durante reuniões de professores” (pg.22)


 Desta maneira, fica claro que temos aqui um bom exemplo da atuação do professor Waldorf frente ao organismo social de uma escola. Na educação infantil ele cuida do ambiente externo e interno, este educador é um modelo e precisa ser digno de ser imitado. “Precisamos como professores, de um despertar da natureza humana viva que experiencie novamente dentro de si mesma a criança como um todo, à medida que entramos em conexão espiritual com a criança”. (pg. 21)


Nesta escola antroposófica, o ser humano é visto como um fenômeno de complexidade ímpar, formado por corpo, alma e espírito, e ao longo da vida vamos nos constituindo, mas é na infância, principalmente até os 7 anos que assentam-se os pilares.


Vamos pensar na imagem de uma casa - a base da casa, sua fundação é constituída nestes anos iniciais (0-7 anos), se desenvolve principalmente o corpo físico, a aprendizagem se dá pela imitação e através da experiência sensorial, aqui o mundo é BOM, no âmbito escolar ela vivência a educação infantil.


Adentrando ao segundo setênio (7-14anos) são erguidas as paredes da casa, com adornos e beleza, é marcado pelo desenvolvimento do corpo etérico com foco na imaginação e criatividade, o mundo é belo e no âmbito escolar ela vivencia o ensino fundamental.


Enquanto no terceiro setênio (14 a 21anos), finalizamos essa construção, fechamos o telhado, finalizamos nossa casa do Eu, aqui se desenvolve o corpo astral, destacando o pensamento abstrato e a busca pela própria identidade, o mundo é verdadeiro, aqui vivenciamos os anos finais da vida escolar.



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Depois de fundamentar e localizar o nascimento da Escola Waldorf e a base do nosso ensino, na ciência antroposófica, encontramos no trabalho do Helmut as leis da infância, que convidam à reflexão sobre o humanismo no mundo adulto, são um conjunto de seis pilares para a compreensão e o respeito a infância, desafiando os adultos a reavaliar sua percepção sobre essa etapa.


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A primeira lei da infância, o corpo inteiro da criança pequena é um grande órgão do sentido, aberto a toda e qualquer impressão do mundo externo. A criança é extremamente sensível ao seu entorno. Todas as impressões penetram diretamente na medula dos seus ossos.





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A segunda lei, vem da confiança no mundo, as crianças nascem do amor, um hábito sagrado que todo o ser humano traz consigo, a aprendizagem se dá pela imitação, que incorpora as impressões que o ambiente deixa nelas. “Do amoroso mundo espiritual do ser ainda por nascer, a criança traz um sentimento ilimitado na bondade de nosso mundo” (pg.27).





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A terceira lei, as crianças aprendem a ser humanos ao lado de outros humanos. Aqui precisamos nos alinhar e perceber, quem é o adulto que convive com minha criança? Quem está atuando, seres humanos ou telas? É no contato com a personalidade do outro que a criança desperta sua própria personalidade.





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A quarta lei, devemos estimular a imaginação criativa das crianças por meio do brincar e do fazer verdadeiro.







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A quinta lei, nutrição, o que nutrem as crianças fazem parte formativa delas, elas nutrem de comida, do ar que respiram e impressões sensoriais. É a regularidade o ritmo que vai dar a criança o descanso e a presença.






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A sexta lei, o desenvolvimento infantil leva tempo, cada passo sendo dado a partir do anterior.







Sendo assim dentro do descrito acima, esta pedagogia foi estruturada e é vivenciada como um local onde a infância é zelada e a criança vista como um ser sagrado em processo de chegada a terra. “O ser humano entra no mundo como um ser espiritual, sua natureza corporal, enquanto ainda é criança, está indefinida. Seu ser anímico e espiritual precisa perder-se por um tempo na natureza física” (GA 187, Rudolf Steiner).

Para isso a educação das crianças, segundo a ciência espiritual, precisa ser olhada e cuidada como uma pedra única. O mundo apresentado a criança precisa ser, bom, belo e verdadeiro e traduzir para o interior dos ambientes educacionais tais fundamentos onde floresçam pais e educadores com sentimentos e percepções do mundo celeste de onde vieram.

 
 
 

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